sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CARLOS HEITOR CONY




Herança Atávica
 
 

        O brasileiro que conheci quando fui visitar o diretor de jornalismo da Manchete e a bela apresentadora Marcia Peltier, pelos idos de 1994, na sede da Rede Manchete de Televisão, na antiga praia do Russel. Lá encontrei este ilustre conterrâneo:

 

 
        Carlos Cony

        Emérito intelectual , hoje Imortal da Academia Brasileira de Letras, que escrevera o "Rei dos Reis".

        Na edição da Revista Manchete de 2 de julho de 1994 tornou pública a reportagem intitulada "BALÃO O peregrino do tempo", no espaço das páginas 56, 57, 58 e 59. São suas essas palavras:



 
 

" - Ano passado, pela Editora Interciência (Rio), Humberto Pinto publicou um trabalho que contém pesquisa, história e antologia. O título é comprido mas dá a medida cultural do livro: O Profano, a Arte, o Místico: Balão, o Peregrino do Tempo. É dele a totalidade das fotos que agora publicamos. Pena não podermos transcrever a numerosa literatura existente sobre o balão, incluindo trechos de romances, crônicas, poesias e, sobretudo, a comovente visita ao cancioneiro nacional que nos deu obras-primas de Assis Valente e Lamartine Babo.
Para quem pensar que se trata de trabalho marginal, temos a epígrafe do venerável Austregézilo de Athayde, em crônica de 1991: "Os balões sobem aos céus para disputar com as estrelas o esplendor da noite".  E há até mesmo uma crônica deste que vos escreve, intitulada Reis dos Reis, que transcrevo numa segunda versão publicada ano passado na Folha de São Paulo:

"Parece título de filme americano, nome de gorila do zoológico ou quadro sacro da escola cusquenha. Nada disso: é o nome do balão que todos os anos é solto aqui no Rio. Depois das catedrais góticas, é a única obra de arte coletiva que deu certo. Equipes em terra acompanham a rota do gigante pelos céus da cidade, para evitar incêndios ou danos. É estudada a direção dos ventos, avaliada a posição e o rumo das nuvens. O balão segue trajetória segura, atravessa em diagonal a cidade, vem da Zona Oeste, atinge seu momento de glória em cima da Tijuca, descamba no litoral e cai mansamente no mar, fatigado de céu, além das pedras de Itaipu, a caminho de Cabo Frio. 
Todos os anos eu espero pelo Rei dos Reis. É um monstro com sua altura equivalente a um prédio de dez andares, sua formidável bucha que pesa 54 quilos, suas 1.500 lanterninhas que rodeiam seu bojo fantástico, coroa de luz digna de um rei de todos os outros reis.
Ignoro o dia mas conheço seu horário e roteiro. Vou para a varanda esperá-lo. Sei que ele vem de lá, do outro lado da Gávea, imenso com seu ventre inchado de fogo. Passará muito alto sobre a Lagoa mas dará para que eu o admire em sua trajetória luminosa. Ele subirá  aos céus. Em vão se debaterão contra ele as portas do inferno e da lei. Majestoso, solene como uma catedral iluminada, rolando pelo silêncio da madrugada, ele passará em glória sobre o mundo. Eu o espero. E vos dou a notícia: ele virá, rei dos reis, do todos os outros reis, soberano do céu, deixando para nós seu efêmero rastro de luz e liberdade".                            

        Hoje ele nos brinda com essa


       Retratos da sua lembrança.


          Humberto Pinto Cel

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