A Grande Lição (3)
O Fenômeno da Violência no Estado do Rio de Janeiro
Há muito se percebe a transformação que vem afetando a convivência nos conglomerados humanos concentrados na Cidade Maravilhosa.
Obviamente o aumento das populações (densidade demográfica) é o fator natural do surgimento e no agravamento dos conflitos.
Imaginem determinado reservatório e comece a preenchê-lo com água, logo, logo o reservatório estará completamente ocupado pela água e começará a vazar o excesso.
Os conglomerados humanos são como a água, referida no exemplo acima, mais agravado pelas condições inerentes à pessoa humana.
A tomada do Morro do Alemão
Seu núcleo é o Morro do Alemão, e poucos moradores da cidade sabem que se trata de um bairro oficial, sendo parte de sua área muitas vezes tratada como parte dos bairros vizinhos: Ramos, Penha, Olaria, Inhaúma e Bonsucesso.
O bairro foi construído sobre a serra da Misericórdia, uma formação geológica de morros e nascentes, quase toda destruída pela construção do Complexo. Restam poucas áreas verdes na região, apesar dos esforços de preservação empreendidos por determinadas organizações atualmente.
Na década de 1920, o imigrante polonês Leonard Kaczmarkiewicz adquiriu terras na serra da Misericórdia, uma região rural da Zona da Leopoldina. O proprietário era referido pela população local como "o alemão" e logo a área ficou conhecida como Morro do Alemão. A ocupação no entanto, só começou em 1951, quando Leonard dividiu o terreno para vendê-lo em lotes. Ainda nos anos 1920, lá se instalou o Curtume Carioca e, na sequência, muitas famílias de operários também se instalaram nas imediações. A abertura da Avenida Brasil, em 1946 acabou por transformar a região no principal pólo industrial da cidade. O comércio e a indústria cresceram e diversificaram-se mas a ocupação desordenada dos morros adjacentes, que teve seu boom no primeiro governo de Leonel Brizola, acabou por dar lugar às favelas do Complexo do Alemão.
Complexo do Alemão é um complexo de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro, constituído por um conjunto de 13 favelas, estando algumas das mais violentas da cidade.
Ainda há poucas áreas de mata e alguns pontos de nascentes de rios que são usados como fonte de água pela população. Todavia, logo após a nascente, os rios já se tornam valões de esgoto. Boa parte da serra foi destruída devido às pedreiras, muito comuns na segunda metade do século XX. Hoje em dia tal empreendimento é proibido na região, considerada Área de Proteção Ambiental, embora subsistam algumas ilegamente.
A região concentra cerca de 40% dos crimes cometidos no Rio. Atualmente, está sendo alvo de um dos projetos do PAC, em parceria entre os governos federal e Governo do Estado do Rio de Janeiro, em que estão previstas a construção de uma enorme rede de transportes e de infra-estrutura em geral, de modo a livrar o bairro e seus arredores do estigma da favelização e da violência.
- Área Territorial - 296,09 ha (2003) - cerca de 3 quilômetros quadrados.
- População - 65.026 (2000);
- Domicílios - 18.245 (2000);
De uma fazenda originária, deduz-se desse pequeno resumo, chega-se a um modelo de ferida social com origem recente e que foi, simplesmente, pela omissão e conivência, programada pelo poder público, como se amoldasse intencionalmente o ajuntamento humano para transformá-lo rapidamente em comunidade predisposta à violência.
Os governantes são os responsáveis pela realização desse tipo de anomalia e seus sucessores responsáveis pelo estancamento da sua exaustão.
. A ocupação desordenada dos espaços disponíveis;
. A ausência de plano de urbanização ou sua degeneração;
. A favelização;
. As carências no atendimento das necessidades básicas de sobrevivência;
. A precariedade dos serviços públicos dirigidos para o proveito da comunidade e prosperidade;
. O lazer cerceado pela pressão inconveniente dos agentes públicos; e
. O distanciamento dos governantes da comunidade.
Tudo induzindo para o desencanto pela Ordem.
Esta simples seqüência de causas explica o atual caos urbano incrustado em áreas definidas nas nossas maiores metrópoles, Rio de Janeiro e São Paulo.
Afinal, para que existe o Poder Público?
Prever para prover é a equação de cabeceira que deve servir de guia para os que se propõem dirigir a Administração Pública.
Louvor para o Governo do Estado do Rio de Janeiro que no atual estágio decide mudar esse curso. Ainda há tempo para corrigir os erros e evitar novos desarranjos. Mãos à obra!
Humberto Pinto Cel