ESTÁ NAS ESTRELAS
Um encontro que não esqueço... Para você meditar.
Afinal, quantos são vocês?
Perguntou um repórter para eu numa entrevista sobre balão – balão junino e Festas Juninas, realizada na minha residência, para o jornalismo da TV GLOBO, logo após o advento do Art. 42 da Lei 9.605/98 e a criação da Sociedade Amigos do Balão, entidade formada numa clara declaração de resistência ao ato de agressão à cultura popular da nossa gente.
Pelo semblante do meu interlocutor senti que ele não esperava aquele tipo de resposta... E a conversa continuou sendo gravada por mais alguns minutos, atendendo a todas as curiosidades do entrevistador.
Aí percebi a perda da liberdade e por paradoxal, pela artimanha legislativa, apoiado no sofisma da modernidade e em nome da paz social.
Pela porta da frente e com arrogância nos tiravam o balão, o rito das Festas Juninas, a alegria e harmonia das famílias e pela porta dos fundos insinuavam com a violência.
Talvez fossemos, naquele momento, os primeiros a pressentir a sanha dos ditadores.
A Constituição de 1988, Constituição Cidadã, que, diga-se de passagem, consagra as garantias fundamentais e contempla as coisas do povo, isto é: a arte, o folclore e a cultura, estava desonrada.
Será difícil conceituar liberdade? É, parece que liberdade tem bilhões de sensações e definições, cada qual entendendo a sua maneira.
Pois é, no momento em que o legislativo de Brasília, em 1998, proibia o balão – balão junino, das Festas Juninas... Das famílias... Da liberdade, sentimos o peso da opressão. Aí, gritamos: – “liberdade”! E ninguém gritou conosco... E o nosso grito murchou, mas começou a ecoar... Já... A partir da SAB.
Agora, passados mais de dez anos, outros gritam por “outras” liberdades que estão sendo ameaçadas.
Ei! Ei! – “Vocês aí”... - “Nós gritamos primeiro: - liberdade”! – “E vocês não ouviram”? – “Não acudiram”?
E os outros se reúnem, se mobilizam, e se manifestam dizendo que as suas liberdades estão ameaçadas e que as suas liberdades são mais importantes. E apontam os algozes das suas liberdades.
Ora, “pau que dá em Chico dá em Francisco”, diz o vulgo.
Mas, o ser humano é indizível e a liberdade é una e indivisível, apenas uma faculdade privativa da personalidade e por isso é um direito indisponível.
Uma lição que não deve ser esquecida:
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..." - Martin Niemöller, 1933.
Humberto Pinto Cel
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