ENTREVISTA COM TURA
PB. O artigo 42 foi o que acabou levando você para a França? Em caso negativo o que foi que te levou para a França?
Copa Ícaro, Ste. Hilaire, França, set2010
TURA. “Não foi o artigo 42 que me levou para a França, o artigo 42 a lei 9.605 de 1.998, é uma lei errônea, o que fizeram na lei foi que ela fosse uma lei manipulada, se eles colocassem que soltar balão fosse crime, tudo bem, seria mais completa do que é agora, essa lei só me fez o seguinte: - A policia esteve aqui por várias vezes e meu filho um dia disse que se formaria Juiz só pra me tirar da cadeia, hoje ele é advogado do Rio de Janeiro, já está quase lá. Essa lei não tem nada a ver com a minha ida para a França, sou contra a lei, tenho que respeitar a lei, mas ela é falha, tenho inclusive vários argumentos comigo que provam isso”.
PB. Qual a sua atual visão da França, em termos de balão?
TURA. “Em termos de balão muito pouco honestamente, mas em termos de pessoas que contribuem, participam, ajudam, buscam fazer o evento crescer é muito, isso pra nós é demais, fazer os balões e deixar as pessoas soltarem, eles não entendem como faço isso, faço e dou para pessoas que eu nunca vi na minha frente, e isso que é o legal”.
copa Ícaro, Ste Hilaire, França, set2010
PB. Qual é a sensação de ser um artista na França e um criminoso aqui no Brasil?
TURA. “A sensação é inexplicável, no Brasil sou procurado por soltar balão. Agora como sou tratado na França, balão para eles dá sensação de liberdade, aqui no Brasil nossos políticos são aplaudidos, e o que eles fazem, só roubam, quem é mais artista eu ou eles, acho que são eles”.
PB. É verdade que você possui um alvará para fabricar balões?
TURA. “Pra levar balão pra França eu não tenho nada, porque eu não quero forçar uma situação que possa me prejudicar, todo ano eu levo 200 kg de balão para a França. Eu e minha esposa temos direito de levar 64 kg na mala. Na mala dela vão às roupas e a minha mala vai com os balões. Eu acho que se eu entrasse na justiça para tirar esse alvará eu conseguiria. Quando transformaram o balão em crime, eu chamei uns baloeiros para entrar na justiça contra isso, a maioria achou que eu era um idiota de fazer isso, e eu fui sozinho e consegui um alvará para fazer balão para decorar minha festa junina. Não tenho nada específico para ir para França, mas se me apertarem eu vou pra justiça”.
PB. Qual a sua sensação de ensinar outras crianças a fazer balão livremente?
TURA. “Sinto-me livre, para poder criar a liberdade, é como eu me sinto, me sinto jovem (com lágrimas) isso é a minha maior fortaleza”.
Copa Ícaro, Ste. Hilaire, França, set2010
PB. Você acha que o fato de proibir o balão atraiu mais gente para fazer balão?
TURA. “Honestamente não, essa historia de que o que é proibido é melhor não tem nada a ver, o que tem que acontecer é o balão ser regularizado, já morreu muita gente por balonismo, por parapente, surfista, já morreu mais do que por balão que é um hobby também”.
PB. Nos anos 80, existia até um certo glamour, em ser baloeiro, você era bem visto, você era uma pessoa com uma experiência naquele assunto, você acha que hoje em dia ainda é assim?
TURA. “Não, em 1.972, teve um grande aumento de turma de baloeiro, em cada bairro existia uma turma de balão, não é que existia um glamour, é você usar do seu hobby, do seu querer interior, é sua satisfação pessoal, e você vai se agradar daquilo que você faz, o glamour não está em ser baloeiro, e sim em seu glamour se libertar dentro da sua paixão, e ver que toda a vizinha adora o que você faz, ai sim você se realiza, na hora que você solta o balão as pessoas te parabenizam, mas hoje em dia não posso mais fazer isso aqui, só na França”.
Copa Ícaro, Ste. Hilaire, França, set2010
PB. Isso te frustra não poder fazer isso no seu País?
TURA. “Não sei se a palavra certa é frustração, a palavra certa é Ficar P. queria poder fazer aqui o que eu faço no exterior, não para me vangloriar, queria mostrar para esses p. essas emissoras que me enganaram, o que é feito no exterior. Eles vão ouvir muita verdade. Um detalhe: só darei entrevista pra eles ao vivo”.
PB. Faça um resumo do Tura, de todas as épocas, desde o inicio até a ida pra França.
TURA. “Vou tentar resumir, diante da minha esposa e de todos, coisas que vocês não sabem, não conhecem.
O Tura, que é um baloeiro que não foi forçado a ser baloeiro, ele nasceu baloeiro, eu sou português de uma família de 4 irmãos, nenhum deles gosta de balão, só eu gosto, comecei a soltar balão com quem me ensinou, isso em 1.966, eu fugia de casa para ver balão no terreno do seu Moacir Quaresma. A distancia pra ver um balão era muito longe pra eu ir, mas eu ia pra ver soltura, eu ia até correndo, minha mãe ia atrás de mim e dava umas chineladas na minha bunda, me levando pra casa, ela sabia onde eram os lugares de soltura e ia me buscar, isso quando eu tinha uns 12 anos de idade, meu desejo sempre foi ver balão no ar, não importando quem soltava, eu queria era só ver os balões no alto, apesar das minhas dificuldades eu sempre podia ver os balões no alto, o que mais me magoa é não ter liberdade de fazer o que gosto, se for crime, me prove que é crime, tudo na terra é perigoso, mas as coisas podem ser regularizadas, carro também é uma coisa perigosa, se eu matar alguma pessoa com um carro devo ser punido.
Se uma pessoa mata uma outra pessoa, pode pagar fiança e ser solto, um baloeiro, que apenas soltou o balão, vai preso sem ter feito um crime, baloeiro deve ser unido pra que isso não aconteça. Baloeiro deve deixar de ser covarde, ser covarde por não amar sua arte.
Quem pensa só em competir, o baloeiro de alma é aquele que não quer mérito, faz apenas a sua parte, briguei por leis daqui do Brasil agora estou brigando por isso no exterior. Quero liberdade de ser baloeiro, quero poder fazer o que sempre fiz, ser respeitado pela pessoa que sou (baloeiro).
Já fiz várias entrevistas, para Globo, Rede TV, Bandeirantes, hoje faço entrevista, mas só se for ao vivo”.
PB. Um relato sobre o Kevlar:
TURA. “Esse barbante chamado de fio dental, tinha um cara que trabalhava no porto, e esse cara fazia balão grande, eu nessa época não fazia mais balão grande e esse cara veio e me mostrou esse barbante, que era muito forte, não partia de jeito nenhum, amarramos em duas cadeiras, puxamos e nada de arrebentar ele começou a vender pra todo mundo por R$ 50,00, e teve muita procura e o preço foi aumentando, até que um dia a policia federal foi atrás de todo mundo, e deu a maior m. uns baloeiros tiveram que pagar uma grana legal pra Policia Federal”.
PB. Nesta entrevista você citou muito o baloeiro covarde, nos resuma o que é ser um baloeiro covarde:
TURA. “Como já falei anteriormente, baloeiro covarde é aquele que não se assume como baloeiro e não luta pela sua arte”.
PB. Considerações finais e agradecimentos:
PB. Considerações finais e agradecimentos:
Partes de destaque da entrevista do TURA gentilmente cedida pelo Planeta Balão para essa postagem do BALÃO LIVRE.
Para conhecer toda a entrevista e ver os vídeos clique aqui .
Comento. Diante desse depoimento de que mais duvidar?
A redação do Art. 42 da Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998, capitulado "DOS CRIMES CONTRA A FLORA", afronta a Constituição do Brasil de 1988 e transgride o Tratado da Convenção da UNESCO sobre Patrimônio Cultural Imaterial, a saber:
"Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento urbano.
Pena - Detenção de 1 (hum) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente."
Pena - Detenção de 1 (hum) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente."
Por que?
- O Art. 42 nega a Arte;
- O Art. 42 é um ato de agressão ao Folclore e à Cultura;
- O Art. 42 é antidemocrático: prática legislativa inspirada do fascismo;
- O Art. 42 é genérico: faz da exceção a regra, isto é, nivela pelo erro;
- O Art. 42 é injusto: fere o direito individual;
- O Art. 42 é conflitante com a C F do Brasil: Dos Direitos e Garantias Individuais: Art. 5º, incisos IV e IX; Art. 215 e 216 e seus parágrafos;
- O Art. 42 é presumido: prevê a intenção e o resultado e pune antes do agente produzir o dano.
- O Art. 42 é um ato de agressão ao Folclore e à Cultura;
- O Art. 42 é antidemocrático: prática legislativa inspirada do fascismo;
- O Art. 42 é genérico: faz da exceção a regra, isto é, nivela pelo erro;
- O Art. 42 é injusto: fere o direito individual;
- O Art. 42 é conflitante com a C F do Brasil: Dos Direitos e Garantias Individuais: Art. 5º, incisos IV e IX; Art. 215 e 216 e seus parágrafos;
- O Art. 42 é presumido: prevê a intenção e o resultado e pune antes do agente produzir o dano.
Logo, concluo.
O Legislativo não pode exercer usurpação de poder e assim violar o direito legítimo das pessoas na manifestação das suas artes, no enriquecimento do seu folclore e no desenvolvimento da sua cultura, de manter esses acervos de acordo com as tradições e maneira de ser da gente e desconhecer os tratados do qual o Brasil é Parte.
Humberto Pinto Cel
ola es o home da mulher do tura
ResponderExcluirI <3 TURA
ResponderExcluirgostaria de saber o nome da técnica usada para fazer os desenhos nas folhas do balão, gostaria de usa-la em estampas para pipa, mais como não sei o nome não encontro nada relacionado.
ResponderExcluirBom dia sou da equipe vila união sp e m emocionei com essa matéria simplesmente agente vai lendo tudo isso e as lágrimas vem caindo dos olhos vindo d dentro do coração com tanta injustiça sobre nós baloeiros aq no Brasil são tantos festivais q s passaram muita alegria muitos amigos q s foram nesse longo tempo como um deles João Dragão q foi meu grande mestre nós anos 90 e hj vive junto a Deus mas fico feliz de ter conhecido essas pessoas q fizeram parte da minha vida como minha família graças a meu incrível balão isso e uma coisa q não tem preço não troco por nada nunca trocarei e levarei para meus filhos e netos custe o q custar amo vc meu balão ass William Gouveia .
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