terça-feira, 4 de junho de 2013

ESCLARECIMENTO




Diante da Notícia...


03/06/2013 23:01:35

Reforço é para garantir a segurança no espaço aéreo durante os grandes eventos

O DIA
Rio - Esse ano, as ações de combate aos baloeiros, comuns na época de festas juninas, serão intensificadas porque o período de festas coincide com a realização da Copa das Confederações e da Jornada Mundial da Juventude.
O Comando de Polícia Ambiental (CPAM) reforçará o patrulhamento e contará com auxílio de embarcações na Baía de Guanabara e do Grupamento Aeromóvel (GAM).
Segundo o comandante do CPAM, coronel Eduardo Frederico Cabral de Oliveira, o número de PMs vai aumentar. “Os baloeiros passaram a fazer balões menores para facilitar a ação deles e dificultar o trabalho da polícia”, explicou o oficial.
Além de causar incêndios, os balões oferecem riscos à aviação. Eles podem invadir o espaço aéreo e as turbinas dos aviões próximos ao pouso ou decolagem.
“O fluxo aéreo nesse período será muito grande e o número de pessoas nas ruas também. Balões colocam em risco a vida de todos”, alertou o coronel.
A pena para quem solta balões é de um a três anos de prisão. Denúncias devem ser feitas para o Disque-Denúncia (2253-1177).
 
        Comento:

        Baloeiro é artista! É trabalhador! É família!        

        Arte, folclore e cultura são bens irremediáveis, de interesse difuso, e pertencem ao povo. Estão protegidos pela Constituição Federal de 1988, Constituição Cidadã, a saber:

O Bem Cultural

        O balão - balão junino - das Festas Juninas é arte, folclore e cultura e está presente no Brasil há mais de 300 anos, pergunta-se:
 
        Quantas mortes, óbitos, já causou?
        Quantos incêndios, comprovado por perícia, causou?
        Quantas e quais vidas foram colocadas em risco?
           Quantas refinarias, embarcações de todo o tipo, autos de transporte terreste já destruiu?
        Qual risco à aviação?
        Quantos acidentes ocorreram envolvendo balão e avião?
          
          Mas, a campanha de mídia sensacionalista - eft - a partir dos Anos 80, para formar opinião pública contra os balões (balões juninos) e seus artífices, atribuiu à queda de balão muitas tragédias ocorridas no Rio de Janeiro. As mais lembradas: explosão do paiol da Marinha, na Ilha do Governador; incêndio na SUIPA; incêndio na comunidade do Rio das Pedras; incêndio na caixotaria do CEASA; incêndio na comunidade DONA MARTA.        Todos esses fatos foram noticiados com intensa repetição para massificar as pessoas, acusações sem provas.
 
          Basta de leviandade!

           Em 2001 ocorreu na ALERJ, Audiência Pública, que gerou resposta ao CENIPA:
 
 
 

O fato mais relevante acontecido na vigência da Sociedade Amigos do Balão, SAB, foi a realização de 2ª Audiência Pública sobre o tema: O Balão Junino e suas Conseqüências, em 11 de junho de 2001, na ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, presidida e dirigida pelo Excelentíssimo Sr Deputado PAULO RAMOS, PDT.

Neste singular encontro, honraram a SAB, com suas presenças, Excelentíssimo Senhor Major Brigadeiro IRINEU RODRIGUES NETO, Excelentíssimo Senhor Major Brigadeiro PAULO ROBERTO CARDOSO VILARINHO, DIRETOR e SUBDIRETOR da DIRETORIA de ELETRÔNICA e PROTEÇÃO ao VÔO, respectivamente, e Excelentíssimo Senhor Brigadeiro do Ar ERCIO BRAGA, Presidente do CLUBE DE AERONÁUTICA; o debate foi promissor, as autoridades da Força Aérea Brasileira veem nos balões, não sensíveis aos radares, fator de risco para a aviação, citaram sete "incidentes" com balões e mostraram slides de registros da colisão de urubus com avião, não encontraram resposta para explicar a ausência de colisões com balões, manifestaram apreço à direção da SAB e aceitaram as razões para a descriminalização e regulamentação do "balão junino".

Na memória de muitos, ainda estão presentes cenas da década de 1950: pilotos decolavam seus aviões de treinamento, de hélice, em dias festivos de junho, com muitos balões nos céus do Rio de Janeiro e permaneciam, algum tempo, desestabilizando-os e precipitando-os em chamas. Esse exercício, de perícia aeronáutica, provava a impotência de um simples balão, diante de um bólido que passasse próximo. Mesmo assim, a retórica dos que condenam a prática da arte do "balão junino" aumentou, ganhou mais um aliado. Hoje definem balão como artefato bélico, quando propagam, através da mídia convencional, que o balão é uma "mina aérea".

Agora, com a mesma tônica, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, CENIPA, divulga no seu sítio o: HISTÓRICO SOBRE OS BALÕES DE AR QUENTE NÃO-TRIPULADOS:

Trata-se de um "documento relatório", diga-se inoportuno, feito às pressas, sem cuidado, com uma inicial ilustrada de fatos já conhecidos e recheado de outros, fruto da imaginação, para adensar a "frente anti-balão", pela formulação teórica de suporte à campanha de mídia contra os "balões juninos" e seus artífices, baseada em dados falsos ou hipóteses inverossímeis.

A SAB, no seu legítimo direito de defender o "balão junino", desfaz a dúvida e distingue balão e avião: ambos, projetos da arte do Homem, da sua natureza mística, e no seu perpétuo desejo de voar.

Nesse aspecto, cada um tem uma trajetória na história humana: a do balão transcende os tempos, sua existência antecede o avião, enquanto que a dos aviões procede, para muitos, das experiências do notável brasileiro Alberto Santos Dumont, em Paris, junto dos franceses, nos anos 1900, que com invejável percepção do seu espírito inventivo, com método, aos poucos, substituiu o invólucro de papel do balão por estruturas em madeiras, bambu e pano e o ar quente pelo motor, para ter o aeroplano, produzir o movimento e chegar ao voo dirigido.

Sua ideia, "o homem voa", inspirou-se nas pipas e, principalmente, no "balão junino" que construía e soltava nas noites de São João do seu tempo de menino, no Brasil.

Santos Dumont, em 23 de outubro de 1906, realizou o primeiro vôo em seu famoso 14 Bis, feito de madeira e pano. A partir desse novo invento, o avião, e iniciado o ciclo das máquinas de voar, balão e avião convivem no espaço e jamais conflitaram.

Para ilustrar melhor a diferença do tempo de vida de um e de outro:

"La primera noticia histórica de la existencia de um globo nos lleva a la ciudad de Pekin (China) donde se elevó uno em 1306, com motivo de la coronación del emperador Fo-Kien, pero no se conocen otros datos hasta el s. XVIII".*

Em 1814, a família Pita, da cidade de Betanzos na Galícia, norte da Espanha, solta um balão, de aproximadamente 30 metros, em louvor a São Roque, padroeiro da cidade, festa mantida nos anos seguintes.*

A verdade é transparente, não aceita artifícios que a maculem.

Como se depreende, as pessoas mais importantes do oriente e ocidente cultivavam a arte de soltar balões em homenagem aos seus mortos ou em festas para saudar os imperadores, prática que foi se popularizando.

O balão chegou aos céus do Brasil trazido pelos irmãos portugueses, veio incorporado aos festejos dos santos juninos, as imemoriais Festas Juninas, onde o culto a São João é um dos mais antigos e populares.

"O ciclo junino corresponde às festas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Santo Antonio é o santo casamenteiro por excelência e o seu prestígio está junto às moças solteiras. São João Batista é o mais importante deste período, no interior brasileiro, comemorado com fogueiras, balões, fogos de artifícios, "casamento caipira" e "quadrilha da roça", acompanhado de comidas e bebidas típicas. São Pedro, o "Porteiro do Céu" é mais festejado pelas viúvas e pelos pescadores, principalmente nas zonas marítimas, como o Rio de janeiro": http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/juninas.html.

Todo esse acervo cultural está escrito na bela página do cancioneiro da música popular brasileira.

Essa forma de manifestação da religiosidade não pode ser olvidada, portanto, a arte do "balão junino" de hoje não pode ser ignorada ou marginalizada por alguns, no sentido de transformá-la em crime.

Como bem afirmam no "documento relatório", o balão é universal. A França importa balões do Brasil para o seu festival anual, Copa Ícaro, reconhecendo que nossas técnicas fazem os balões mais seguros, além da sua beleza inconfundível. A Fédération Aéronautique Internationale, FAI, sediada em Lausanne, qualifica o balão como esporte aeronáutico.

Ainda, o "documento relatório", reconhece que o Brasil, apesar de não ser o único, é o país onde se desenvolvem técnicas para torná-lo cada vez mais aprimorado, tanto que o número de "incidentes" mostrado é pequeno, comparado com o quadro de acidentes que enlutam a aviação brasileira, veja:

INCIDENTES ENVOLVENDO BALÕES**
Data
Local
Tipo
Operador
Danos
Ocorrência
16.06.93
SP
B 737
VARIG
nenhum
Ingestão de balão.
(durante o táxi)
17.12.95
SP
B 737
VARIG
leve
Colisão em vôo.
(asa)
23.03.97
SP
B 767
UNITED AIRLINES
leve
Colisão em vôo.
(danos-pintura)
03.12.97
GR
FK 100
TAM
leve
Colisão em vôo.
(balão de grandes
proporções)
07.02.98
GR
B 737
VARIG
leve
Colisão em vôo.
(durante a decolagem)
31.05.98
GR
B 767
AMERICAN AIRLINES
leve
Balão caiu sobre o avião e incendiou-se.
(asa esquerda)
10.08.99
SP
B 737
VASP
leve
Colisão noturna, após decolagem(balão apagado)



A SAB foi criada em 1998, seu objetivo é claro e preciso e nunca soltou balões, assim, a acusação da soltura do balão estrela é falsa.

Importante para o conhecimento: o "balão junino" sobe pela ação do ar quente gerado pela queima de materiais naturais, compactados em forma de bucha: fonte térmica auto-extinguível, de combustão total, que apaga antes de descer ao solo, sem deixar resíduo; o botijão de gás não é usado como fonte térmica, é utilizado para inflá-lo antes dele subir pela ação do ar quente produzido pela bucha acesa; quanto à propalada probabilidade de balão colidir com avião, em pleno vôo, as estatísticas não confirmam, o balão voa livre, se desloca pelo movimento do ar.

Na parte final, o "documento relatório" pretende desfigurar o bem cultural "balão junino" ao considerá-lo um "problema social" que deve ser combatido. Constitui-se essa afirmação na negação dos valores que são protegidos pelas sociedades: a arte e a cultura do Homem e dos Povos. (ver Constituição da República Federativa do Brasil e Declaração Universal dos Direitos do Homem); propõe disseminar campanhas nas escolas da infância, para criar gerações avessas ao "balão junino":

"é necessário investir em campanhas escolares, com ações pedagógicas específicas direcionadas às crianças na faixa supracitada, reeducando-as, formando uma nova mentalidade na população brasileira. Agindo assim, milhares de vidas deixarão de correr risco a bordo de uma aeronave no espaço aéreo brasileiro".***

Afinal, quantas pessoas, passageiros de aeronaves brasileiras ou estrangeiras, foram mortas por queda de aviões causada por "balão junino", no Brasil ?

De todo o exposto constata-se a grande contradição: verificado o relatório, e sua estatística de "incidentes" com balões, conclui-se que jamais um "balão junino" deu causa a queda de avião.

No ensejo, estamos prontos ao entendimento, a fim de estabelecer uma relação de consultas para esclarecimento de outras questões e para definir uma posição conciliatória entre os dois interesses, da proteção ao voo e da prática da arte do "balão junino", sempre possível.

Que Deus abençoe a todos.

Atenciosamente.

SAB

* Erias, Alfredo . El Globo de Betanzos, Biblioteca Artabrorum, Espanha, 1996.

** Fonte: CENIPA

*** Fonte: CENIPA

Em tempo:

"En Khao Lak, Tailandia, a un año del devastador tsunami y en recordatorio a los cientos de miles de víctimas se soltaron 5.000 globos, también llamados "linternas". Participaron familias, habitantes y turistas."
 



Deixem nossa arte em paz


 
        Humberto Pinto Cel
 
 

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